Please use this identifier to cite or link to this item:
https://hdl.handle.net/10316.2/36549
Title: | Nacionalmente correcto: a invenção do cinema português | Other Titles: | Nationality correct: the invention of portuguese cinema Ccorrect du point de vue national: un invention du cinema portugais |
Authors: | Baptista, Tiago | Keywords: | Portuguese Cinema;Nationalism;Film History;Cultural History;Portugal History;Cinéma Portugais;Nationalisme;Histoire du Cinéma;Histoire Culturelle;Histoire du Portugal;Cinema Português;Nacionalismo;História do Cinema;História Cultural;História de Portugal | Issue Date: | 2009 | Publisher: | Imprensa da Universidade de Coimbra | Abstract: | O cinema feito em Portugal
esteve, desde o primeiro
momento, sujeito a um escrutínio
público muito maior
do que qualquer outra arte.
Grande parte deste debate girou
em torno da possibilidade, ou
da necessidade, de o cinema
português se construir como
uma cinematografia nacional
distinta de todas as outras,
com temas próprios, um estilo
autónomo e uma relação privilegiada
com os espectadores
do seu país de origem. Era isso
realizável e desejável, ou não?
E teria efeitos positivos no
sucesso dos filmes portugueses,
ou não? Houve respostas para
todos os gostos porque o que uma «cinematografia nacional» devia ser, como seria de
esperar, teve sempre as mais
variadas interpretações e nunca
deixou de mudar ao longo do
tempo. O único dado certo,
a única constante do cinema
português foi, para o melhor e
para o pior, o próprio cinema
português. Estas onze décadas
de invenção permanente sobre
o que o «nosso» cinema devia
ou não ser, sobre os temas que
ele devia ou não abordar e sobre
o modo como o deveria ou não
fazer, dizem-nos muito mais
sobre as expectativas depositadas
no cinema português, do
que sobre o cinema feito em
Portugal propriamente dito.
A distinção entre uma coisa e
outra não é um mero jogo de
palavras. Serve para separar algo
que sempre existiu - os filmes
portugueses - de algo que, em
rigor, nunca passou de uma
ideia - a «nossa» cinematografia
nacional, o «cinema português».
A força desta ideia, porém,
pesou sobre todo o cinema
feito em Portugal e acabou por
determinar quase tudo o que ele
foi e quase tudo o que se pensou
e escreveu acerca dele. Le cinéma fait au Portugal était, dès son premier moment, soumis à un public bien plus grand que n'importe quel autre art. Une grande partie de ce débat a tourné autour de la possibilité, ou du besoin, qu'avait le cinéma portugais de se construire comme une cinématographic nationale distincte de toutes les autres, avec des thèmes propres, un style autonome et une relation privilégiée avec les spectateurs de son pays d'origine. Ceci était-il réalisable et souhaitable, ou pas? Et cela aurait-il des effets positifs sur le succès des fils portugais, ou pas? Il y eût des réponses pour tous les goûts car ce que devait être une «cinématographie nationale» a toujours eu les plus diverses interprétations et a toujours varié au long des temps. La seule donnée certaine, la seule constante du cinéma portugais fût, pour le meilleur et pour le pire, le propre cinéma portugais. Ces onze décennies d'invention permanente sur ce que «notre» cinéma devait être ou pas, sur les thèmes qu'il devait ou ne devait pas aborder et sur la façon comme il devait le faire ou pas, nous en disent beaucoup plus long sur les attentes dirigées au cinéma portugais, que sur le cinéma fait au Portugal proprement dit. La distinction entre une chose et l'autre n'est pas un simple jeu de mots. Elle sert à séparer quelque chose qui a toujours existé - les films portugais - de quelque chose qui, en toute rigueur, n'est jamais passé d'une idée- «notre cinématographie nationale», le «cinéma portugais». La force de cette idée, toutefois, a pesé sur tour le cinéma fait au Portugal et a fini par déterminer presque tout ce qu'il a été et presque tout ce que l'on a pensé et écrit à son propos. Cinema produced in Portugal was subject, from the very start, to much more public scrutiny than any other form of arte. This debate focused largely on the possibility, or need, of Portuguese cinema developing as distinct national cinematography, with its own topics, an autonomous style and a privileged relationship with the viewers from its country of origin. Was this feasible and desirable, or not? And would it produce a positive impact on the success of Portuguese films, or not? There were all sorts of answers, since what a «national cinematography» should be, as was to be expected, was always subject to different interpretations and changed in time. The only given, the only constant of Portuguese cinema was, for the better or the worse, Portuguese cinema itself. These past eleven decades of constantly inventing what «our» cinema should or not be, which topics it should or not cover and how it should go about it, tell us much more about the hopes for Portuguese cinema, than about Portuguese film-making itself. The difference between the two is not merely a choice of words. It separates something that always existed - Portuguese films - from another thing which, strictly speaking, was merely an idea - «our» national cinematography, «Portuguese cinema». However, the strength of this idea always weighed on all films produced in Portugal, and in the end it influenced practically all that it became and everything that was said and written about it. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/36549 | ISSN: | 1645-3530 1647-8622 (digital) |
DOI: | 10.14195/1647-8622_9_17 |
Appears in Collections: | Revista Estudos do Século XX |
Files in This Item:
File | Description | Size | Format | |
---|---|---|---|---|
nacionalmente_correcto.pdf | 5.21 MB | Adobe PDF |
Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.