Bem-estar e educação pela arte

Abstract

De 6 a 9 de Março de 2006, teve lugar em Lisboa a Conferência Mundial sobre Educação Artística, sob os auspícios da UNESCO. Aproveitando este evento e com o fim de lançar um importante contributo para a discussão das bases da educação artística em Portugal, seguiu-se-lhe a Conferência Nacional de Educação Artística que decorreu de 29 a 31 de Outubro de 2007, no Porto, numa promoção conjunta dos Ministérios da Educação e da Cultura. De alguns documentos destas conferências ressalta a ênfase dada à criatividade artística, como elemento justificador da educação pela arte. No entanto, argumento aqui que a criatividade talvez não seja o conceito merecedor da maior centralidade, mesmo na educação pela arte, contrapondo-lhe o conceito de bem-estar. Aponto também como desenvolvimento natural do bem-estar no processo educativo, o “desinteresse” tal como interpretado na filosofia de Emmanuel Levinas. Argumento ainda que a arte parece ter de facto particularidades que podem facilitar um ambiente ético permeado por este “desinteresse” Levinasiano, não obstante o facto de tal ser igualmente possível no ensino de qualquer outro tópico. Tal deve-se ao facto de pugnar aqui pela centralidade do “processo” na educação, apontando-se o “produto” como do interesse do mais simples e restrito processo instrutivo. Finalmente, como exemplo paradigmático de uma rede de instrução pela arte onde é possível contrastar os elementos acima debatidos, refiro-me às mais de setecentas Associações Filarmónicas portuguesas, espalhadas pelo continente e ilhas.

Du 6 au 9 Mars, a eu lieu à Lisbonne la Conférence Mondiale sur l’Education Artistique, sur les auspices de l’UNESCO. Avec la finalité de mettre en débat les bases de l’éducation artistique au Portugal, a suivi entre le 29 et le 31 Octobre, a Porto, la Conférence Nationale sur ce sujet, une organisation des Ministères de l’Education et de la Culture. De la documentation de ces deux conférences, on aperçoit une grande importance attribuée à la créativité artistique comme élément justificatif de l’éducation par les arts. Mon argument ici c’est que le concept de créativité, même en éducation par les arts, ne doit surpasser le concept de bien-être. Je défends aussi que impliqué dans la centralité du bien-être en éducation, est le«désintérêt» comme interprété dans la philosophie de Emmanuel Levinas. L’argument se développe avec l’idée que l’art a des particularités qui facilitent une ambiance éthique, et favorise ce «désintérêt» Levinasien, bien que cela est possible dans l’enseignement de quelques autres matières. Cette position est dérivée de l’importance que je donne au «processus» en détriment du «produit», que je vois comme le résultat de la plus simple instruction. Finalement, comme exemple paradigmatique d’une chaine d’instruction par les arts où est possible contraster les éléments mentionnés, je me réfère au plus de sept cents Associations Philarmoniques portugaises, qui existe dans le continent et les iles.

The first UNESCO World Conference on Arts Education took place between 6th and 9th of Mars 2006, in Lisbon. In a joint organisation of the Ministries of Culture and Education, the National Conference on Arts Education followed this event, and was held in Porto, in the end of October. From the papers presented at those conferences, one can perceive a major importance given to artistic creativity as a justification for arts education. My argument is that the concept of well-being should deserve the greatest attention as well as in education in general, as in arts education in particular. I also argue that well-being may lead us to the concept of ‘disinterestedness’ as interpreted in the philosophy of Emmanuel Levinas. Arts may facilitate disinterestedness in the ethical environment, though that is possible to happen with any other subject. This is because in my view education is centred in the ‘process’. The ‘product’ is correlated with the more simple instruction. Finally, I look into the network of more than seven hundred Portuguese Philharmonic Associations, as a paradigm where those concepts can be recognized.