A propósito da inscrição B-143 do Museu Regional de Beja

Abstract

Existe no Museu Regional de Beja, e proveniente do Concelho, uma placa com uma inscrição funerária que tem também gravada a representação de um cavalo. Conhecem-se representações de cavalos, associados a textos funerários, nas inscrições vadinienses que pertencem a uma geografia bem delimitada e da qual esta de Beja se encontra muito afastada. Até hoje, os AA. que estudaram a ’heroização equestre’ têm apenas referido esta inscrição como sendo um dos poucos vestígios desse rito, no sul da Hispânia. Neste artigo, a A. procura explicar a presença, aparentemente insólita, deste achado na Lusitânia meridional através de análise comparada do único elemento onomástico que a inscrição contém, e também da sua caracterização sócio-epocal, com o fim de evidenciar como é historicamente admissível o aparecimento em Beja desta epígrafe que claramente corrobora movimentos migratórios de povos do norte; e tenta ainda enunciar a caracterização ambiental da integração desses movimentos, para o que recorre à articulação de dados onomásticos e arqueológicos disponíveis.

A tombstone found near Pax Iulia (Lusitania) shows an engraved running horse over a very short inscription. This is so far a unique piece, as the horse, common on the tombstones of the people called Vadinienses (northern Spain) is never present on the funerary monuments of southern Lusitania. The author suggests this piece might indicate that there was a migration of some Vadi- nenses to the region around Pax Iulia, where they may have been engaged in economic, namelly mining activities. Archaeological finds and onomastic evidence are carefully examined in order to support this argument.