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https://hdl.handle.net/10316.2/41405
Title: | A arte do ensaio: a vocação socrática de Proteu | Other Titles: | The Art of essay: the socratic vocation of Proteus | Authors: | Cunha, Norberto Ferreira da | Issue Date: | 2011 | Publisher: | Imprensa da Universidade de Coimbra | Abstract: | A crítica permanente às "filosofias de identidade", em crise desde o século
XVI, permitiu a emergência de uma nova forma de escrita, antropocêntrica,
centrada no "eu" - o ensaio - que teve o seu início com Montaigne. A contingência
e precariedade do "eu", a sua incomensurabilidade, conduziram a uma forma
de expressão "experimental", solitária, anti-dogmática, dubitativa e céptica,
assistemática, hostil à lógica discursiva (tanto indutiva como dedutiva) optando,
em contrapartida, pela escrita descontínua, finita, fragmentária e inacabada,
que privilegia os processos e não os resultados. Ora esta forma do ensaio, sem
renunciar ao conhecimento da realidade - o ensaio não ficciona - deslocou,
contudo, esse conhecimento para o concreto imediato e polissémico - que
irrompe, informe, no "eu" - e a verdade para a intertextualidade. Esta deslocação, colocou, contudo, vários problemas: o método do ensaio (que não sendo alógico,
recusa, contudo, o pressuposto do das ciências, ou seja, a correspondência entre
a ordo idearum e a ordo rerum, que tem o seu protótipo nas "regras do método"
de Descartes); as relações do ensaio com a retórica (cujas "figuras" recusa, como
auxiliares da argumentação), com o leitor (interactividade dialógica, solicitada
pela dúvida quase pirrónica em que o ensaísta se coloca), com a obra de arte
(Lukács) e com a ciência (Adorno). Mas ainda que, actualmente, se reconheça
autonomia formal ao ensaio e se saiba que não é uma obra de arte (a não ser na
sua atitude perante a vida) nem uma obra científica (não recorre à indução nem
à dedução), o seu género continua indefinível, revelando-se, a sua definição
genérica, em última instância, uma questão onto-filosófica. The permanent critic of the "philosophies of identity", in crisis since XVI century, allowed the emergence of a new form of writing, anthropocentric, centered in the "I" - the essay - and begun with Montaigne. The contingence, the precariousness and the incommensurability of the "I" led to an experimental form of expression, solitary, anti-dogmatic, dubitative and skeptical, asystematic, hostile to the discursive logic (whether it is inductive or deductive), choosing, in revenge, a discontinuous, finite, fragmentary and unfinished writing, which privileges processes and not results. Hence, this form of essay, without rejecting the knowledge of reality - the essay doesn't build fictions - has dislocated, however, that knowledge to the immediate and polysémie concrete - that breaks out, shapeless, in the "I" - and the truth to intertextuality. This dislocation, raised, despite this, various problems: the teaching method (which, not being a-logic, refuses, though, the scientific principle - the correspondence between a ordo idearum and a ordo rerum, that has in its prototype in the "rules of the method" of Descartes); the relationship between essay and rhetoric (whose "figures" it declines, as argumentative auxiliaries), the reader (dialogical interactivity, requested by the almost pirronic doubt of the essayist), the work of art (Lukács) and the science (Adorno). And even though the formal autonomy of the essay is recognized, as well as the assumption that it is not a work of art (except in its attitude towards life) nor a work of science (it does not convoke induction nor deduction), its genre remains indefinable, revealing its genre definition as an onto-philosophical question. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/41405 | ISSN: | 0870-0958 2183-8925 (digital) |
DOI: | 10.14195/2183-8925_32_21 | Rights: | open access |
Appears in Collections: | Revista de História das Ideias |
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