Miguel Bombarda e as singularidades da geração de 70 com Antero de Quental

Abstract

Portuguese intellectuals of the nineteenth century seventies’ were influenced by the belief that it was possible to transform our moral, cultural, and political system with the emergence of a new national conscience. The Seventies’ Generation had a deep lasting influence on Portuguese culture. Antero theorizes about the concept of poetry and its revolutionary mission. He becomes its voice by transforming the signs of his restlessness into written words, the reflection of different socio-economic problems and the country’s decadence. Revolution is a moral duty! Antero de Quental, immediately followed by Miguel Bombarda, refused to conform and dreamt of a new society and socialist ideals through innovating literary writing and with the words’ political doctrine. These were the foundations of a religious, moral, ideological, and intellectual revolution in Portugal. Miguel Bombarda was further and further attracted to doctrinal action, first in medical, then in philosophical, and finally in the political field, by promoting the same critical sense to political, scientific, and social progress – socialism as evolution of Humanity. This cultural revolution led to political revolution and to the Republic in 1910.

Os intelectuais Portugueses da década de 70, no século xix, são influenciados pelo desígnio de que é possível realizar no país, uma transformação do sistema político, moral e cultural com o despertar da nova consciência nacional. O traço deixado pela Geração de 70 na cultura portuguesa será profundo e duradouro. Antero teoriza sobre o conceito da poesia e a sua missão revolucionária. Torna-se o seu porta-voz ao transpor para o papel os sinais da sua inquietação como reflexo dos diferentes desequilíbrios económicos, sociais e da decadência do País. A revolução será assim um dever moral! Antero de Quental e logo depois Miguel Bombarda, inconformados, sonham com uma nova sociedade e os seus ideais socialistas, tanto pela escrita literária inovadora como pela doutrina política da palavra. Assim por acção deste fermento, catalisador de novas ideias que chega da Europa, vão sair as bases de uma revolução intelectual, ideológica, moral e religiosa, em Portugal. Miguel Bombarda sente-se cada vez mais atraído para a acção doutrinária, primeiro no plano médico e, mais tarde no filosófico e, por fim, no político, ao promover o mesmo sentido crítico ao progresso político, científico, social – o socialismo como evolução da Humanidade. Esta revolução cultural vai despertar a revolução política, com a instauração da República, em 1910.